A propósito de Lisboa,e do dia de hoje,porque não dar a voz a um dos seus poetas, neste caso Alexandre O´Neill?
UMA LISBOA REMANCHADA
AVENIDA DA LIBERDADE
Subamos e desçamos a Avenida,enquanto esperamos por uma outra
(ou pela outra) vida.
CHIADO
Ramilhete rubro do desejo,
ramilhete posto pelo olhar
entre dois seios desdenhosos,
a dar a dar.
PARQUE EDUARDO VII
Ah, o êxtase dos namorados
que se olham, beijam, voltam a olhar-se e já não sabem
que mais hão-de fazer, que mais hão-de inventar!
TRAVESSA DO POÇO DA CIDADE
-Vejam lá se se despacham
que eu não quero cá fardas!
Rancho de amor para os soldados,
De cada vez só pode ir um,
E dois cabritos são esfolados
no tempo de um.
AO BENFORMOSO
Entre o fartum de peixe frito
e de sovacos sem sol,
passa o ranço, chique e ligeiro,
da brilhantina ROUXINOL.
BECO DA MAL-AMADA
Se acha que a vida não é boa
utilize gás da Companhia
o combustível de Lisboa.
AZINHAGA DO GUARDA-SÓ
Encontro um resmunguarda que me intima
a parar
Seria por suspeita? Seria por rotina?
Não. Foi para conversar...
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