A propósito do post anterior veio-me à lembrança um livro notável do arquitecto e urbanista, Léon Krier ( Arquitectura- Escolha ou Fatalidade) e esta passagem notável : "(...) Se é a economia de mercado que presentemente determina as formas do nosso meio ambiente, é preciso que, antes de tudo, se coloque a questão de saber se ela é capaz de produzir um espaço público. Com efeito, podemos recear que a maioria das construções produzidas por este tipo de economia, no futuro, não constitua mais do que uma cadeia de espaços privados com acesso público limitado, tais como os centros comerciais, os campos escolares, os condomínios, os loteamentos residenciais e as infraestruturas de tráfego (auto-estradas, gares, aeroportos.(...) Os promotores privados estão, acima de tudo, interessados no aspecto comercial do espaço público. Por esta razão mesma, não estão aptos a desempenhar o papel de legisladores e de autores de planos para grandes extensões urbanas.
Tal é, no entanto , a forma de actuação que se tornou normal em todos os países desenvolvidos.
A mistura correcta e equilibrada das funções urbanas cabe ao domínio constitucional. Asim que os arquitectos trabalham para grandes promotores privados, ficam submetidos ao interesse privado; nesta perspectiva, eles não são chamados a criar planos. Técnicamente falando, e no sentido verdadeiro deste titulo, o arquitecto autor do plano deve ter a independência do legislador, sendo a sua lealdade dirigida acima de tudo ao interesse público , muito mais do que aos interesse privados dos accionistas(...)"

PS - Eu só utilizaria um claro exclusivamente em vez do "acima de tudo", mas em Portugal é o interesse privado que domina e são os interesses privdos que, desde há muito, condiconam e determinam o desenvolvimento urbano. Léon Krier é insuspeito de ser de esquerda ou mesmo um perigoso comunista: é um senhor conservador, do innner circle do Príncipe Carlos, mas é um revolucionário por comparação com muita tropa fandanga que por aí anda.


 

Pedra do Homem, 2007



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