O encontro de Sócrates com militantes socialistas de Vila Franca para lhes explicar as alterações do Código Laboral é paradigmático do actual funcionamento dos partidos.
Um partido que chega ao Governo aplica um conjunto de políticas que, por não resultarem de qulaquer processo interno de debate e de definição das políticas do partido, têm que ser explicadas depois aos militantes na expectativa de que eles possam ajudar a defender as posições do Governo. Os militantes são irrelevantes para a formulação das políticas mas podem ser úteis no apoio social e no combate político em defesa dessas políticas. A definição das políticas deixou de ser uma incumbência dos partidos, entendidos como um todo, passando a ser uma responsabilidade exclusiva de um pequeno directório que se rodeia de "peritos", em regra universitários, que ajudam não só à definição mas também à sua legitimação com o seu prestígio académico.
Neste contexto um militante se fosse questionado sobre o previsível conteúdo da governação do seu partido em boa verdade pouco poderia adiantar, com excepção da sua fé de que a governação do seu partido iria ser muito melhor do que a do outro partido. É por isso que a militância partidária está cada vez mais ao nível da militância clubista e as agências de comunicação são as bases de qualquer projecto de ascensão ao poder político.
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