Ministro do Trabalho admite que Portugal tem das legislações laborais “mais rígidas do Mundo”
O ministro quer a flexisegurança à lá Ddinamarquesa. Homem com bom-gosto quer conjugar flexibilidade com segurança de forma a que ganhemos todos: os patrões e os empregados.
Mas, e a realidade senhor ministro? Bom, Vieira da Silva conhece a realidade da crescente precarização das relações de trabalho, condição sine qua non para garantir um modelo de desenvolvimento que se fundamenta na desigualdade na distribuição da riqueza. Desigualdade que não parou de crescer com Vieira da Silva - são as estatísticas europeias, senhor - e os seus camaradas, com as suas almas socialistas mais do tipo "assistencialista" do que do tipo "justiça social".
E na Dinamarca, Vieira, como é na Dinamarca? Qual é o rácio entre os vinte por cento mais ricos e os vinte por cento mais pobres, Vieira? Menos de metade do que acontece em Portugal. E a habitação, bom homem? Como é que essa coisa da habitação, que tanto penaliza a mobilidade dos trabalhadores, se manifesta na Dinamarca e em Portugal? Nós cá somos todos proprietários, com mais de 75% (censos de 2001) e na Dinamarca pobretanas - com o rendimento per capita quatro vezes superior - os proprietários não chegam aos 50% (dados do INE de 2003). Nós cá gostamos de ajudar à competitividade da banca, pobrezinhos deles, sem a nossa ajuda muito penariam. Por isso hipotecamos a vidinha e os rendimentos futuros, e das gerações futuras, tudo certinho a trabalhar para pagar os empréstimos até ao último tostão.
Como é que se pode discutir estas questões sem falar destas outras? Fingindo que somos todos iguais e que entre nós e a Dinamarca venha o diabo e escolha.


 

Pedra do Homem, 2007



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