Mutas vezes aqui referimos o mau desempenho ambiental da Central de Sines da EDP. Mas, como se sabe, entre os responsáveis políticos locais, com destaque para o presidente da autarquia, a poluição em Sines nunca existiu e se existiu há mais de seis meses que tudo está resolvido.
Transcrevo por isso, na íntegra, uma notícia publicada no Público do passado dia 6 de Junho, no suplemento Economia.
"Central de Sines da EDP está entre as mais poluidoras da União Europeia.
A central a carvão da EDP é a décima-segunda maior emissora de dióxido de enxofre (SO2) e ocupa a mesma posição na libertação de óxido de azoto (NOx) entre os vinte e sete. Os números são de investigadores ingleses para a organização não-governamental sueca "Stop the Acid Rain" ("Parem com a Chuva Ácida") e fazem parte da avaliação aos 100 maiores emissores europeus dos gases mais importantes para produção das chuvas ácidas, todos eles centrais a carvão ou a fuel. Já se sabia que a central de Sines estava entre as 30 unidades com maior contributo para o efeito de estufa, através da produção de CO2. Agora, o "ranking" fica completo. Na nova lista, a central do Pego também enta. Está em 55º lugar dos emissores de óxido de azoto. Mais do que acusar , o objectivo da ONG é mostrar que, tendo os dois gases efeitos sobre a saúde e o meio ambiente - as centrais são também emissoras de dióxido de carbono - a aplicação das tecnologias mais avançadas podia não só baixar drasticamente as emissões, como os ganhos daí derivados para a saúde excederiam largamente os custos dos novos equipamentos. Os argumentos não representam ganhos directos para as empresas, mas podem servir para a negociação de tectos futuros de emissões da industia europeia abrangida pelo sistema europeu do comércio de emissões.
Os investigadores afirmam que, com tecnologias mais avançadas, é possível reduzir as emissões de SO2 e NOx em aproximadamente 3,4 e 1,1 milhões de toneladas, respectivamente, o que baixaria as emissões europeias em 40 por cento (SO2) e 10 por cento (NOx). Quanto aos custos e benefícios, estimam que os ganhos para a saúde seriam, em média, 3,4 vezes superiores aos custos. Há centrais em que o rácio chega a 11, como a central espanhola a carvão de Puentes, mas as duas centrais portuguess alinham por valores inferiores.
A central de Sines, caso instalasse as referidas tecnologias registaria benefícios para a saúde 2,14 vezes superiores aos custos inerentes à operação, enquanto a do Pego ficaria por um valor mais baixo, de 1,56 vezes.
As 100 centrais mais poluentes da Europa correspondem a 40 por cento da produção eléctrica instalada, mas o seu impacto ambiental é superior: são responsáveis por 51 por cento das emissões de dióxido de enxofre e 44 por cento das de óxido de azoto. Os espcialistas sublinham que a dimensão dos ganhos está calculada por defeito, por terem utilizado o patamar inferior das tabelas internacionais de cálculo do "valor" da vida. Se tivessem sido usados os valores mais altos, os resultados seriam quatro vezes superiores ao obtio, defendem."

O que está mal neste caso é que os investimentos, caso fossem concretizados, poupariam vidas humanas. Se esses investimentos permitissem aumentar os lucros a EDP já os tinha feito. Afinal, o que são essas tais "vidas humanas"?


 

Pedra do Homem, 2007



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