"Vamos ter uma peça de um grande arquitecto asiático; mais à frente de um grande arquitecto americano [o brasileiro Paulo Mendes da Rocha que irá elaborar o projecto do novo Museu dos Coches]. A 09 de Dezembro espero que o senhor primeiro-ministro esteja em condições de anunciar outro projecto mais à frente de um arquitecto africano".
António Costa vai ser o candidato do PS nas próximas eleições. Compreende-se muito bem a sua estratégia de arregimentar os diversos vereadores independentes para os colocar no mesmo pote eleitoral. Como demonstrou com Sá Fernandes, os acordos não são instrumentais da sua necessidade de construir uma base política para concretizar um projecto iniovador para a cidade. Servem apenas para ganhar os apoios que os votos não permitiam e diminuir conflitos. Quem se lembra do acordo celebrado entre o PS e o BE que permitiu a Sá Fernandes ocupar um lugar a tempo inteiro na autarquia? Que será feito dele? Que resultados prácticos teve na vida da cidade a celebre cláusula dos 20% de habitações a custos controlados?
Mas o que me parece mais lamentável em António Costa é, além de uma falta de entusiasmo que consegue esmorecer cada vez mais, a previsibilidade das suas opções. Se durante a campanha já me parecia o mais decepcionante de todos os candidatos, discursos como este apenas acentuam a nitidez da pequena ideia que o autarca tem da cidade -onde agora já vive, depois de ter saído do seu condomínio fechado - e do que nela se pode fazer.
A arquitectura é apenas instrumental desse tipo de política. Já agora alguém recomende ao autarca para não esquecer um arquitecto da Oceania, Lisboa aguenta e a frente ribeirinha não pode dispensar nenhuma gota de .... biodiversidade.


 

Pedra do Homem, 2007



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