"Orçamento do Estado para 2009 foi aprovado".
Um orçamento coerente com uma política. Um Orçamento que ficciona a realidade que caracteriza a situação económica nacional e internacional. Um Orçamento que acha que a descida das taxas de juro de referência e dos preços do petróleo permitem aliviar a situação das famílias portuguesas, como declarou o Ministo das Finanças. Um Orçamento que ajuda, e de que maneira, os Bancos canalizando milhares de milhões de euros para esse fim. Um Orçamento que recusa controlar as taxas de juro do crédito à habitação, permitindo aos bancos apropriarem-se dos ganhos associados à descida das taxas de referência. Um Orçamento que por essa via desiste de ajudar as famílias que estão mais endividadas. Um Orçamento que desiste de controlar o preço dos combustíveis permitindo às petrolíferas ganhos especulativos. Um Orçamento que dessa forma desiste de apoiar as famílias e as empresas que pagam hoje pelos combustíveis muito mais do que no último período em que o preço do petróleo estave ao mesmo nível. Um Orçamento que desiste de tributar as grandes fortunas - muitas delas aumentadas por decisões dos sucessivos Governos - mas obriga ao pagamento do IVA mesmo para as pequenas e médias empresas que o não tenham recebido.
Um Orçamento coerente que dá as respostas necessárias para manter a grande maioria num nível de pobreza insuportável, ou proximo do insuportável, enquanto permite que uma pequena maioria acumule cada vez maior riqueza. Um Orçamento que reflete uma aguda consciência de saber a favor de quem se governa. Um instrumento coerente ao serviço de uma política que agudiza as desigualdades sociais.


 

Pedra do Homem, 2007



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