"António Costa chama “parasita” ao Bloco de Esquerda"
Para António Costa a esquerda é boa desde que os que são de esquerda votem no partido socialista. O mundo ideal, segundo António Costa, é um mundo em que o PS dispõe da imensa maioria dos votos à sua esquerda, bastando para isso um discurso nos congressos pré-eleitorais com uns bitaites mais sociais, até porventura mais críticos do liberalismo que a malta por engano tem adoptado, para depois governar em nome de um pragamatismo e de uma responsabilidade política que só o PS pode ter, em defesa de interesses contrários aos que defendeu.
Este mundo perfeito está a acabar. O PS pode até obter uma maioria absoluta, mas será sempre pela conquista de votos à sua direita, a um famélico PSD e a um inexistente PP. O PS viu a sua esquerda crescer, e a coisa pode até atingir maiores proporções do que as reveladas pelas sondagens e por isso reage com dureza a essa debandada. Não muda as suas políticas, que estão na origem desse êxodo, opta, ao contrário, por tentar descridibilizar os partidos que parecem capitalizar esses descontentamentos. Fazê-lo nesta altura representará a assumpção, face aos dados de que dispõem, da inevitabilidade de um grande crecimento sobretudo do BE, já que esta referência é como se sabe potencialmente útil ao próprio BE.
É, no entanto, uma opção oportunista, politicamente oportunista. Sócrates necessita de alguém com peso, de preferência identificado com a ala esquerda do partido, para fazer esse papel: escolheu António Costa, não tinha dúvidas que o autarca de Lisboa estaria disponível.
O Congresso Socialista decorre para já dominado por dois sentimentos muito fortes: o medo da perda da maioria absoluta como resposta popular às opções feitas ao nível da governação; a perda de influência do partido por força da erosão do líder, afectado pelo processo Freeport. As respostas políticas determinadas por estes dois sentimentos não prometem nada de bom. O País e os seus problemas podem esperar.


 

Pedra do Homem, 2007



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