Gostei do discurso do Presidente da República. Chamou a atenção para as realidades e não se recusou a apontar o dedo aos seus responsáveis. Criticou os dirigentes políticos exigindo-lhes rigor e afirmando que "este não é, seguramente, o tempo das propostas ilusórias. Este não é o tempo de promessas fáceis, que depois se deixarão por cumprir. A crise cria a obrigação acrescida de prometer apenas aquilo que se pode fazer, com os recursos que temos e no País que somos e iremos ser" mas não poupou os cidadãos às suas responsabilidades exigindo-lhes participação. "O exercício do sufrágio é, sem dúvida, a melhor homenagem que poderemos prestar à liberdade conquistada há 35 anos. É essencial que os Portugueses, sobretudo os mais jovens, percebam o quanto custou ganhar o direito que agora têm de escolher os seus representantes, através de eleições livres e transparentes.."
Cavaco Silva, percebe-se nas entrelinhas, não está convencido de que as soluções adoptadas pelo Governo correspondem às melhores opções disponíveis e não concorda inteiramente com as razões na origem da crise. Afirmou a dado passo que "A crise que vivemos não pode ser iludida e, num dia como o de hoje, haverá com certeza muitos portugueses que se interrogam sobre se foi este o País com que sonhámos em Abril de 1974.(...)
As previsões económicas divulgadas por organizações nacionais e internacionais estão à vista de todos e não é possível negá-las. (...) São interrogações tanto mais pertinentes quanto a crise que vivemos tornou mais nítidas as vulnerabilidades estruturais que o País ainda manifesta.
Não há, assim, a certeza de que este seja um momento meramente transitório de recessão da actividade económica, a que se seguirão melhores dias num prazo mais ou menos próximo.(...)
Pareceu-me igualmente claro na forma como identificou os reais problemas dos cidadãos: "(..)São estes os reais problemas dos cidadãos. É para a resolução desses problemas que têm de ser convocadas as escolhas dos eleitores.
O emprego, a segurança, a justiça, a saúde, a educação, a protecção social, o combate à corrupção são questões básicas que devem marcar a agenda política e em torno das quais deve ser possível estabelecer consensos entre os partidos estruturantes da nossa democracia.(...)"


 

Pedra do Homem, 2007



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