A declaração do PSD na sessão solene comemorativa do 25 de Abril de que o "Governo está a roubar a liberdade de escolha às gerações futuras com o seu programa de grandes obras públicas porque este deixará uma dívida monstruosa, uma renda anual de 1500 milhões de euros até 2040, durante 30 anos" é de uma hipocrisia extrema.
Em primeiro lugar a dívida pública é colossal mesmo sem estas obras e importa saber qual a responsabilidade do PSD e dos seus governos na sua "construção". Em segundo lugar importa saber se parte dessa dívida acumulada foi ou não construída, com responsabilidades do PSD, dando a privados, com risco zero, duas a três vezes o valor investido. Existem exemplos que bastem e a Lusoponte não é caso único.
Em terceiro lugar os portugueses além da dívida pública carregam sobre os ombros uma pesada dívida privada consequência das políticas públicas de habitação e da sua forma de financiamento e no desprezo que PSD e PS manifestam pelas determinações constitucionais do direito à habitação.
Em quarto lugar o PSD pretende ignorar a necessidade de revitalizar a economia e a importância que um programa de obras públicas pode ter para esse objectivo. Por isso, ao falar desta forma e ao agitar o fantasma do endividamento público o PSD manifesta apenas hipocrisia. Em alternativa devia colocar o acento tónico num conjunto de alternativas que de uma forma mais rápida e com menor endividamento, maior criação de emprego e maior incorporação de produção nacional e ´que pudessem ser lançadas num prazo mais curto. Até agora não o fez. Enquanto não o fizer merecerá ser acusado de hipocrisia e de apenas pretender assistir ao agravamento da situação para apoder acusar o Governo das responsabilidades.
Desta forma não vão longe.


 

Pedra do Homem, 2007



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