João Cravinho considera que “o efeito Sócrates só por si já não chega
A direita, de uma forma politicamente indefensável, veio, a reboque do resultado que o obteve no dia 7, dizer que o Governo não tinha legitimidade para avançar com as grandes obras. Ao que parece a direita proclamou que este Governo passa a ser um Governo de gestão. Não se sabe com que legitimidade dizem este tipo de asneiras, mas lá que as dizem isso é verdade.
Um efeito político que se pretende quando se está na oposição é condicionar a actuação do poder. Neste caso o PSD sabendo que o PS pode ser tentado a mudar de estratégia canalizando mais recursos para outro tipo de investimento público e libertando recursos para apoiar as emrpesas e as famílais, pressiona-o para lhe dificultar a opção. O PSD quer que o PS avance com as grandes obras mas, caso o PS mude de ideias e introduza uma moratória no processo pedindo um voto de confiança aos eleitores nas próximas eleições, quer poder dizer que fizeram aquilo que o PSD exigiu.
João Cravinho, nesta entrevista, assinala o fim do período Rei-Sócrates no PS. O período em que o PS era ele e no qual ele, apenas ele, bastava. E diz usando e aconselhando bom senso que : "Um Governo num país democrático não pode fazer quero, posso e mando. Dizer «eu tenho a minha vontade e porque tenho maioria e dentro de duas semanas já não a tenho, vou usá-la hoje para criar obrigações contratualizadas» que, no fundo, se o futuro Governo ou se o país quiser desfazê-las então paga um balúrdio tal que, aí sim, coloca o país de tanga".
A questão não se coloca no campo da legitimidade mas tão somente no campo do bom senso. Ora bom senso é o que não abunda nem no Governo nem nas oposições.
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