Arrogância, desinvestimento, privatização das funções sociais do Estado
Posted by JCG at 8/11/2009 08:28:00 da tardeSócrates acusa direcção do PSD de ser “herdeira de um certo espírito do salazarismo”
Sócrates, no artigo de opinião publicado no JN, elegeu três diferenças fundamentais relativamente à direita: atitude, investimento público e políticas sociais. A estratégia de Sócrates é simple se clara, mas duvido que seja eficaz. O que é simples costuma ser bom mas, qur-me parecer, que neste caso Sócrates está a ser simplório e isso, como sabemos, não leva a nada de bom.
Quanto à atitude aquilo que os portugueses recordam de Sócrates é sobretudo traduzido numa palavra: arrogância. Ora, tendo a maioria absoluta, o que se exigia a um líder socialista era a promoção de um clima de diálogo e de mobilização da sociedade para as mudanças necessárias. Optou, deliberadamente, pelo contrário. José Gil analisou esse comportamento no seu último livro e dedicou particular atenção ao conflito na educação um símbolo maior da arrogância e autismo político deste primeiro-ministro.
Quanto ao investimento público, Sócrates, apostou como se sabe no controlo do défice. Reduziu o investimento público porque, até ao rebentar da crise internacional, a sua adesão às teses do neoliberalismo foi total. Portugal aderiu ao PEC que não é mais do que a tradução na UE das teses do consenso de Washington. Trocou o desenvolvimento ecónomico pelo controlo do défice, contraindo a economia e deitando no desemprego centenas de milhares de trabalhadores.
Quanto às políticas sociais, bom, Portugal é no contexto da UE, em áreas em que a Europa não tem uma política comum, um dos mais liberais. A política de habitação ésó um exemplo. Mas, que outro país tem umadesigualdade tão acentuada? Que outro país tem um salário mínimo tão baixo, que outro país tem as pensões de miséria que Potugal tem? Que outro país tem os paupérimos apoios à natalidade que Portugal tem? Mas, Portugal com Sócrates, não tendo alterado significativamente esse quadro terrível de desigualdade e de injustiça social foi pródigo a apoiar o sistema financeiro e a socializar os prejuízos que grupos de vigaristas organizados criaram. Uma questão de escolha que nunca colocou o primeiro-ministro perante qualquer tipo de dúvidas.
Da mesma forma a muitos daqueles que em 2005 lhe deram a maioria absoluta não restarão dúvidas de que a opção para que ele os convoca é apenas uma manobra para os desviar do essencial. A falsa opção que Sócrates lhes propõe não é entre a esquerda e direita nem existe o risco do regresso da direita com Manuela Ferreira Leite. A direita, a sua face mais adapatada a este ciclo político, tem estado no poder.
Mas trata-se de uma tentativa vã de confundir os cidadãos como se verá em Setembro.
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