O artigo de opinião da jornalista São José Almeida hoje no Público com o titulo "Não podemos deixar de nos inquietar...". Uma análise lúcida do significado da mensagem do Presidente da República a que aqui nos referimos.

Cito: "(...) É extraordinário que se chegue a uma situação de desigualdade social em Portugal tão gritante - segundo a Mercer Consulting, os presidentes das empresas portuguesas ganham em média 21,7 mil euros por mês, um valor 30 vezes superior ao rendimento salarial médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem, que é de 720 euros - que leve o próprio Presidente da República a rebelar-se contra o escândalo do que aufere a nova aristocracia, a casta que gere a sociedade e a economia no actual estádio de desenvolvimento do capitalismo.(...) Em que se põem em causa os príncipios de entendimento social e civilizacional que foram adquiridos no pós-guerra, na construção de um modelo social que reconheceu a todas as pessoas direitos até então inéditos e criou um regime de redistribuição de riqueza e de garantia de condições mínimas de bem-estar para todos, incluindo os que nada têm. Modelo esse que está a ser destruído pela acção revolucionária da construção de um novo modelo social para a Europa em que a casta dos gestores e seus porta-vozes políticos lutam de forma bárbara para retirar direitos adquiridos pelos dominados, os que trabalham.(...) Que ninguém se confunda e julgue que, agora, chegado a Belém, Cavaco Silva virou à esquerda(...) O que Cavaco não faz é aderir, entusiasmado e acrítico, ao radicalismo neoliberal(*) (...)"
(*) É esse facto que faz com que o seu discurso político se coloque claramente à esquerda do actual Governo.


 

Pedra do Homem, 2007



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