Stiglitz não acredita em retoma rápida da economia mundial
Gostaria de ter assistido a esta conferência. Stiglitz é um dos economistas que mais admiro. O que veio agora dizer não é exactamente nada que não tivesse já dito ou escrito. Mas gostaria de ter assistido à reacção dos nossos gestores e daqueles que executaram neste país as políticas que Stiglitz tanto critica e denuncia.
Stiglitz afirmou que a “doutrina de direita sobre a economia de mercado falhou claramente. A ideia de que os mercados são perfeitos só é possível num mundo com informação perfeita, ora a informação é sempre imperfeita”. Isto é coisa capaz de por os cabelos em pé à nossa direita, entendida no sentido lacto isto é incluindo aqueles que se dizem socialistas e que governam em nome da direita, e aos nossos principais opinion makers tão fluentes no seu economês.
Stiglitz falou do Chile e de quanto custou aos chilenos a aventura desregulamentadora da trágica dupla Friedman/Pinochet. "Essa experiência custou aos chilenos um quarto de século a pagar dívidas”, terá dito Stiglitz.
Mas no momento grande da noite - terá havido gente que olhou desesperada por uma saída de emergência, tão intenso terá sido o mau estar - falou de "uma “corrupção ao estilo americano” para explicar de que forma é que os políticos permitiram a desregulação do sistema, e de uma “luta de classes contra os pobres” para explicar a maneira como os bancos apostaram na transferência de rendimentos da “base da pirâmide para o topo”.
Quem diria que se podiam escutar coisas destas ditas por um Nobel da economia nos salões da burguesia.


 

Pedra do Homem, 2007



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