30 mil professores colocados na primeira fase
O que o ministério não diz e os sindicatos não denunciam é que para uma grande parte destes 30 mil colocados aconteceu-lhes, a eles e às suas famílias, uma desgraça. Foram colocados nesta primeira fase em escolas para as quais não estavam interessados em concorrer, tendo passado a ser obrigados a concorrer a todas as escolas do quadro de zona pedagógica desde o último concurso . Isso determinou, por exemplo, que durante quatro anos podem ficar a centenas de quilómetros de casa. Centenas de quilómetros que em tempo de deslocação não são sempre iguais, porque por exemplo ir de Sines a Mértola requer muitíssimo mais tempo do que o necessário para fazer os mesmos quilómetros entre Sines e Lisboa.
Aqueles que não ficaram colocados nesta fase porque estão pior colocados no concurso podem ter ganho a sorte grande. É que podem agora ser colocados próximo de casa sem perda de qualquer regalia, nomeadamente salarial. Com economias brutais em deslocações e alojamentos sem contar com a separação familiar.
Os "bafejados" na primeira fase podem pedir destacamento mas, pasme-se, só podem ser considerados após colocação integral de todos os que serão colocados por destacamento por ausência da componente lectiva na segunda fase do concurso.
Neste caso estar melhor colocado no concurso pode ter consequência funestas. Uma sui generis lógica de penalização das melhores classificações no acesso. Uma ideia xocialista, certamente.
Claro que o Ministério da Educação trata os professores como coisas, como trampa. Só assim se entende que, ao abrigo da seráfica política da estabilidade do corpo docente, se atire uma pessoa, por quatro anos, para centenas de quilómetros de distância da sua família, e como se isso não bastasse enquanto punição social, todas as despesas suplementares que isso acarreta tenham que ser integralmente suportadas pela própria. Sem falar nas questões emocionais e afectivas que são fundamentais para o equilíbrio de quem tem a função de ensinar.
Este sistema é uma canalhice. Quem o projectou, o concretiza e o defende merece a classificação de canalha mor. Vamos ter que os papar - aos Valter Lemos do regime - nos próximos dias a rejubilar no espaço público mediático com a satisfação dos professores e com o facto de estarem todos contentes com as respectivas colocações e as vidinhas arrumadas.
Que nojo!

PS - Nas próximas eleições não darei o meu voto a quem não garantir que põe termo a este tipo de arbitrariedades e que não assuma de forma explícita isso mesmo.


 

Pedra do Homem, 2007



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